sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cof Cof

Isso aqui tá empoeirado (ou você entendeu que eu chamava o ex-secretário geral da ONU?).
Perdi a mão com esse blog. Perdi a mão com muita coisa e me baguncei. Não por desleixo nem por desatenção ou desinteresse. É que, às vezes.... a gente perde a mão mesmo.
Talvez fosse (seja?) só uma fase, ou talvez eu ainda me engane ao colocar-me na fase onde ainda se acha que existem 'fases'. Só não posso dizer que essas férias de mim em nome de Mim tenham sido ruins. Pelo contrário. Nesses tempos pude ouvir os ecos do mundo externo bem aqui dentro, sem a cacofonia de meus pensamentos e sempre-ter-de-dizer, e de prestar atenção até mesmo aos silêncios que não deveriam existir, mas que existem e dizem muito. Porque isso necessariamente leva à mudanças, preferencialmente àquelas das quais ninguém gosta.
Mas algumas são boas: descobri, por exemplo, que meu vício pelo cigarro é majoritariamente psicológico. Descobri também que, ao contrário do que imaginava, vícios psicológicos podem ser mais nefastos que vícios químicos. Geradores de ansiedade e minadores da força de vontade podem deixar um rastro de caos maior do que uma enfisema.
Descobri que torcer pelo futebol é como torcer pela vida: é ótimo acreditar mas eu prefiro ter certeza. E, na falta, vale entrar na brincadeira pelo mero exercício. Foi bom comentar, xingar e acompanhar tão somente porque era importante xingar e comentar, por escolha e compartilhamento. Um novo sentido pra uma faceta tão pouco explorada da minha vida, a de torcedor esportivo rodeado pela família.
E por falar em família, descobri que o que a torna tão maravilhosa é que temos de nossos parentes uma distância e um abismo tão grande quanto em relação a qualquer outra pessoa, mas nela somos compelidos a criar pontes com mais verdade uma vez que nos damos conta do que Família pode significar. Mesmo que seja apenas um horizonte.
Estar só e acompanhado simultanemanente é surpresa constante mesmo em quem já viveu demais (o que não é o meu caso). Você se pega cercado de pessoas que estão e não estão - logo, na mesma condição sua. Mas estarem ali, ainda que pela metade, ainda que só no possível, faz toda a diferença. Para além das comodidades, para além da complicidade de interesses pragmáticos e demais motivos nunca-suficientes para justificar que, sim, meramente nos cercamos uns dos outros, como porcos-espinhos buscando um abraço... bem cuidadoso.
Meu estômago, operado após cerca de 10 anos de tratamentos não-invasivos, foi invadido élo bisturi e mostrou-se mais guerreiro do que pensei. Mas tudo bem, nada demais, pensamos sempre em tosca medida quando tentamos avaliar quão frágeis e fortes realmente somos. E se eu erro na avaliação de uma bolsa de alimentos e ácidos, que dirá dessa máquina de sonhos - e avaliações falhas - que teima em escrever num blog de mão perdida...

4 comentários:

Gi Caipira disse...

Eu acho que esse negócio de perder a mão, é uma coisa meio que zodiacal...
Todos os dias entro lá no meu blog e fico pensando sobre o que escrever, e nunca vem nada na cabeça ... não que eu não pense em nada... mas sim porque eu acho que ninguém quer saber o que penso ...
Você perdeu a mão ...
E eu perdi sei lá o que ...
Mas tomara que seja uma fase zodiacal... :D

Anônimo disse...

Mesmo maneta, é sempre muito bom te ler :)


Jana.

Karin disse...

Engraçado, a gente largou e voltou mais ou menos na mesma época... com a diferença que eu nunca tive mão pro meu blog, hehehe.

Acho que o fundamental é ter a vontade de escrever. De obrigação, basta todas que a gente já tem na vida.

Boa recuperação pro seu estômago ofendido... e bom retorno, tô com saudades de te ler.

Beijão!

De Marchi ॐ disse...

Eu não sei, por exemplo, se o que rola é aquela velha história de não levar um projeto de longo prazo adiante (ou seja, não terminar o que começo) ou se é simplesmente pouca vontade de comentar as coisas do mundo, que continuam acontecendo como sempre. Talvez, e só talvez, eu esteja subestimando o poder das palavras e o valor de um bom papo nessa fase mais 'reclusa'. De qualquer modo, sentir que 'precisa' falar não é o mesmo que querer falar.