terça-feira, 6 de janeiro de 2009

• Serviço de Utilidade Púbica

Feliz 2009, amiguinhos!
Eis-me aqui atendendo vossos apelos por mudança neste novo ano.
E, para começar, vamos de mudança ortográfica.


Sim! Vai ficar fácil ler Camões, quase tanto quanto ler Copés! Entraram em vigor as mudanças gramaticais do nosso idioma (que, caso não saibam, é o mesmo dos portugueses e de uma pá de africanos, entre outros países que não fedem e nem cheiram, que vivem na merda financeira ou em guerra ou em ambas). Orgulhe-se: muitos pretos, alguns brancos e um punhado de asiáticos fala a nossa língua, embora você precise de tradutor-intérprete em suas terras.
Não mais. Agora, potências relevantes como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau , São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste presenciarão conosco o espetáculo do crescimento comunicativo. Na prática, você que há 30 anos ou mais escreve praticamente do mesmo jeito terá de ler ideia sem acento e achar normal, o que imediatamente universalizará nossa compreensão de que telemóvel é o mesmo que celular. Diga adeus àquela dificuldade tremenda de entender que anónino é anônimo em Portugal!
Seus problemas acabaram!

O povo, é público e notório, rejeita mudanças. Coisa de reacionário. Não entende que precisa da intervenção dos intelectualóides para que faça seu papel de reinventar a língua. Ignoram a necessidade premente de criar uma regra definitiva e duradoura como essa, que talvez dure uns 5 ou 10 anos. Não percebe que tal acordo visa principalmente fortalecer o idióma e reposicioná-lo no mundo através da unificação e padronização, que não transformará écran em tela, mas será o mesmíssimo, o que obviamente vai facilitar a produção de livros e de manuais de produtos (sem o gigantesco inconveniente de termos de optar entre português BR ou PT, que tanto incomoda quem tem de instalar um programa, por exemplo).
Visa também, não bastasse, promover a comunicação ao facilitar as vidas dos lusófonos, brasilinófonos, baianófonos e demais dialetistas globais a falar uma mesma e única língua, tão viva e dinâmica quanto os jovens senhores da Academia de Letras que participaram da escolha de tão inteligentes mudanças. Facilidade, sim! Quem tinha preguiça de digitar acento ("ah, tem de apertar o shift, coisa e tal"), agora terá menos palavras para esforçar-se. Os Emos, miguxas e afins finalmente poderão usar oficialmente o K, o W e o Y nas suas balbuciadas, o que pode ser mais um passo na direção da promoção dos direitos dessas minorias du corassaum. E por falar em inclusão, os analfabetos funcionais, tristes com essa indefinição toda, agora poderão se considerar analfabetos reais, pois não saberão mais o que é certo e errado mesmo.
Sancionada neste mês, o acordo gramatical já começa a mostrar toda a sua força: o MEC, por exemplo, vai gastar 70 milhões de Reais, bem aplicados nessa prioridade da Educação nacional, com novos dicionários para atender a 1/5 da população, estimulando até mesmo aquele gráfico cunhado do ministro que ganhou a licitação a decorar as regras.

Pronto. Agora só faltam as dicas, comentadas como cortesia da Redação de UADERREL, para nós, brasileiros (fiquem felizes: os portugas, que escreviam húmido, acção e baptismo, se danaram mais que nós).
Vamos lá! Ignorem comigo as novas regras velhas da língua portuguesa, amiguinhos:

K, W e Y:
Retornam ao alfabeto, mas devem ser usadas inicialmente apenas em nomes estrangeiros.
Parabéns ao Máicon, à Quêitilin e ao Uóshito, vanguarda do movimento.

Trema:
Está extinto, mas fica para nomes estrangeiros como Müeller e Hübner (que, por sinal, são alemães e não fazem parte do acordo da língua portuguesa).
Exemplos: Tranquilo, aquífero, bilingue.
Calma, Parkinsonianos! Trema o quanto (não) quiserem, a mudança significa apenas que aquele sinalzinho (¨) já era e que linguiça agora é escrita assim como enguiça, mas continua com som de uíça mesmo. É pra ler de um jeito e falar de outro. Fácil, né?

Acento agudo (´):
Desaparece em ditongos (do latin sumeriano arcáico "duas vogais") abertos como "oi" e "ei" .
Exemplos: heroico, ideia.
Desaparece também a acentuação diferencial, onde pára (de parar) era diferente da preposição para, pêlo (o inimigo número 1 da felação) era diferente de pelo (preposição - 'pelo jeito') ou pela (preposição - 'pelas barbas do profeta') e péla (do verbo pelar - depilação, comumente aplicada em suínos).
Como saber qual é qual? Te vira, analfabeto funcional. Interpetação de texto.

Acento circunflexo (^):
O chapeuzinho foi pro beleléu (ou beleleu?) em palavras com duplo O ou duplo E.
Exemplo: Enjoo, voo, creem, veem.
Veja o lado bom: você vai precisar procurar menos vezes se essa porra de acento tá em cima da tecla do 6 ou do ~ no teclado do seu laptop (que provavelmente não o tem em nenhum das duas).

Hífen:
O tracinho (cujo nome termina em N, embora as regras da língua exijam m no final da palavra) recebeu um novo conjunto de facilidades muito fáceis. Quando a segunda palavra começar com S ou com R, você deve dobrá-las ao invés de separar com um traço.
Exemplo: anti-semita vira antissemita, anti-religioso vira antirreligioso, contra-regra vira contrarregra. Exceção: hiper-resistente. Hiper-requintado continua com hífen também, pra não soar como "hiperre..." e o r do hiper se perder.
Eu gosto assim, de regra com exceção (só não gosto mesmo é de escrever exceção). "E palavras como pé-de-cabra?" Ora, não me venha com amiúdes. A regra definitiva que entrou em vigor não rege nada sobre isso e ainda não tem nada formulado. Mas vai ter (e aí tu compra outro dicionário).


Voilá, amiguinhos. Eis aí as novas regras definitivas, em vigor em caráter provisório, que já entraram em vigor no Brasil, entrarão em 2010 em Portugal e na minha vida só em 2080.

***

OBS.: Que nenhum representante do populacho ignóbil ouse a perguntar porque o X continua com som de CH, Z ou S (que também tem som de Z), hein.

9 comentários:

Anônimo disse...

Quer dizer que AGORA eu posso escrever o meu nome? Cáspita, eu escrevo em todo o lugar há 37 anos e nem sabia que não podia!

Bando de mudança inútil... >:(

Mario Ferrari disse...

Imagine eu que escrevo o meu sem acento desde nascença!Mario em vez de Mário (que nojo...)
Mas se isso tudo é como diz o editor do blog então Kralho tb é válido.
Outro pé no çaco(?!) é este corretor de tecsto da por-ra dos nossus amados micrinhos (ou com-puta-dor, sei lá...)que agora vão mais é pra casa do kcete (ou será k-cete? bom se fosse com s seria kassete dobrando o s, num eh?)
Em fim,(ou em-fim, ou enfim, ou henfil... Bah!) lingua morta é língua morta (não tô falando da flor do lácio, ou Lacio ou Lazio, o português em si...Mas da lingua erudita, a regrada.
As pessoa vaum continuar a re-inventar, reinventar, re-emventar ou inventar de novo a língoa viva com seus neologismos e expressões idiomáticas contra a novilingua e a academia brasileira de letras que se phoda!

Abraços e amplexos para todus!

Mario(este, pra mim, obrigatoriamente com bunda, mas sem acento!)

PWSantos_2009 disse...

lingüiça....
Não vamos mais comer lingüiça, e sim linguiça...

Eu amo um trema básico. LUTO.

Minha forma mnemônica credeleve perdeu o sentido...

Agora as consoantes mudas terem caído em Portugal (ex.: óptimo) eu ADOREI.

Mas párar de acentuar a paroxítonas com ditongo aberto: idéia por exemplo, vai ser uma guerra.

E para terminar, a Xuxa vai ter que revisar seu "A de amor, B de baixinho..." pois o alfabeto em português passa a ter as 26 letras. Bem-vindos K, W e Y! haha

Benvindo é nome próprio!!!

outra coisa: W eu sei que muito brasileiro não usava mesmo, mas KY sei não... hehehe :-P

Anônimo disse...

os erro de portugueis agora é ofissialisado. grassadeus mano. he he he he he he he he he he he he h ehe he he he he he he he

Unknown disse...

Depois do seu recalcinofolejante tópico elucidativo, passo em qq concurso de portuguêiz!!!

Vinícius Castelli disse...

Heeeeiiinn ????

De Marchi ॐ disse...

Não precisa agradecer (a mim, e sim aos letrados responsáveis)!

Unknown disse...

Meu irmão Harry e eu já não somos mais foras-da-lei (ou seria forasdalei?).

A Moça disse...

vou te quer aprender a escrever de novo!! puts!!! :S