domingo, 21 de agosto de 2011

Thunder! Thunder! Thunder! - parte 1


Thundernerds, Ho!
Poizintão! Se você foi moleque nos anos 80 como eu, talvez tenha sido um viciado também.
Não dá nem pra dizer que é coisa de C.D.F. (Nerd, uma ova, somos latinos), o negócio pegou todo mundo e até hoje arrebanha fãs. Pra começar, porque o desenho era mesmo muito louco, insuperável. Tinha em si todos os elementos que um pivete bem nutrido do ocidente adorava: ficção, magia, tecnologia, valores heroicos e muito efeito especial (sem falar numa loira gostosa).

Você lembra da vinheta de entrada?
http://www.youtube.com/watch?v=72GFgmXhjKY


Lembro da primeira vez em que vi. Foi imediato: se mexessem no botãozão da TV, eu morderia.  A gente nunca percebe que está vivendo um momento mágico até ele passar. Aquela música, aquelas imagens pulando na cara, num almoço de domingão na casa da avó. Mas, ali, eu sabia.
Na segunda-feira não se falava outra coisa, dominou todos os pátios na hora do lanche. Aquele desenho tinha movimentos e luzes nunca vistos por mim e que nunca mais encontrei em nenhum outro. Ao menos, não nos que trouxessem consigo um enredo tão envolvente como força principal. Marcou tanto que passamos essas décadas tremendo ante a possibilidade de remakes (que agora existem) e de que Hollywood avançasse sobre ele com sua moda de adaptar quadrinhos e desenhos, etc. Bom, aconteceu, não foi tão ruim assim (exceto aos puristas) e o que importa é que o clássico continua clássico. Num primeiro momento, o original é o que interessa aqui.

TC fez escola, influenciou para além do óbvio e fisgou gerações. Na época, ou você era da patota politicamente correta do He-man e seus conselhos a la urso Smokey, ou já dava seus sinais de hardcore com a gataiada. Perdão antecipado pela generalização, mas, basicamente, quem vinha do Mickey ia pro Lorão e quem vinha do Shadow Boy e do Fantomas foi atraído pelos felinos. Por tudo isso e muito mais acredito que Thundercats merece um textão para os fãs, o qual arrisco.

 Como na maioria das coisas daquele tempo, não há muita memória para além do que trouxemos na cuca e de boatos mais ou menos fundamentados. Sem nem sonhar com o Google, o que sabíamos vinha daquele suspeito amiguinho que foi aos EUA (dando início ao hediondo efeito "Caverna do Dragão"), do que estava escrito no álbum, na revista ou em algum raríssimo especial de TV. Enfim, boataria. Hoje, é possível garimpar na web vários detalhes que passavam batidos naqueles dias, mas exige paciência. Porém, temos a sorte dos velhos coleguinhas do betamax e do VHS terem gravado muita coisa que, do contrário, estaria irremediavelmente perdida. Bendito Youtube, salve São Google e voltemos ao que interessa.

Cada um tem seus motivos para adorar a série e relembrar seu clímax.
Aqui enumero os quais considero seus principais trunfos:

A) Os criadores 

1) Ted "Tobin" Wolf.
Esse era um Cara entre os Caras. Underground demais para entrar no circuitão de desenhos caça-níqueis sem pé nem cabeça dos anos 70, e, que se saiba, de menos para fazer uma graphic novell, O velho Ted precisava de um ganha-pão que pagasse o miojo do pós-guerra sem macular sua veia criativa. Ele não era exatamente do ramo, embora tivesse tudo para ser. American dream: rriscou-se e deu no que deu. Lembre-se, estávamos em plena época Starwars (1977), com todo aquele misto de tecnologia e mística, da Guerra Fria, da Tatcher, do Reagan e do Sarney. Foi desse cara e nesse contexto que saíram os Thundercats. Veremos esses fatores influenciarem os rumos do desenho num outro momento.
Ted morreu há alguns anos, em 1999, segundo a lenda numa m* de dar gosto - em parte porque artista raramente se lembra de perguntar sobre royalties quando assina um contrato. Divertido, mas isso na verdade não procede totalmente. Ted morreu no Havaí e, pra um tiozinho de 1922 que perdeu uma perna na Guerra, tornou-se engenheiro, era inventor e criou uma pá de patentes que sustentam seus herdeiros até hoje, não foi nada mal. Sem dúvida não abocanhou a batelada de dinheiro que o Copyright lhe garantiria hoje, mas os tempos eram outros. Curtia brinquedos, sendo o inventor do primeiro gravadorzinho (K-7) para crianças. Bolar histórias para entreter os filhos fazia parte do divertimento.
Então temos um cara muito criativo que passou por maus bocados até voltar pra casa.

2) Rankin-Bass.
Você lembra da Rena do Nariz Vermelho, certo? E  dO Natal Sem Papai-Noel? E do Frosty, o boneco de neve? É, desse nem eu lembro. Tudo obra dos caras e sua pequena produtora. Foram eles que tornaram a magia possível. Anos 60, influenciados por Jim Henson (dos Muppets e Vila Sésamo, que por si merece outra postagem), trouxeram para o acetato sua tarimba com stop-motion e iluminação (daí aqueles relâmpagos e movimentos incríveis) - tudo isso sem computador, na unha, a 24 frames por segundo. A tão aclamada vinheta de abertura seria, hoje, facilmente elevada ao status de Videoclip, sendo um clássico pop-cult por excelência.
Como diretores de arte minuciosos que eram, os cabeças Arthur Hankin  e Jules Bass não mediam esforços pro negócio sair legal - às vezes, mais legal do que o orçamento permitia. Uma companhia que trabalha para outras companhias tem desses dissabores; mas os caras, apesar disso, colecionam uma enxurrada de desenhos, filmes e prêmios no currículo. Chegaram a ser grandes, com equipes no Japão e em NY, nos tempos em que desenhista trabalhava por salsicha (ou seja, nada mudou!).
Diga-se de passagem, investiram tanto que não puderam evitar o desespero de relaxar na qualidade (assunto para depois) e de cair na armadilha de tentar reinventar a roda com autoplágios como SilverHawks.
Aliás, temos aí justamente a produtora, aquela que normalmente encabeça a burocracia e lida com os marketeiros... levando um baita tombão. Essa sim se lascou pra valer. Os direitos são da Warner, que ganha muito até hoje e não repassa nada à dupla - direitos esses que pertenciam anteriormente à Telepictures Corporation (essa você lembra, né?).
A briga judicial já dura mais que o Mumm-ra.


Essas duas fontes são fundamentais para se falar de Thundercats com as devidas honras. Mais do que prestar reverência aos criadores, será possível notar o quanto dessa realidade está lá, estampada no próprio desenho.

Logo vem outro post com a continuação.
Não percam o próximo episódio, amiguinhos! 


Fontes:
http://www.youtube.com
http://www.warner.com
http://www.rankinbass.com/
http://web.archive.org/web/20061201024325/http://the.honoluluadvertiser.com/2000/Jul/04/islandlife14.html

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