domingo, 21 de agosto de 2011

Thunder! Thunder! Thunder! - parte 2

Seguindo com o Especial Thundercats que ninguém vai ler!

Aí está o segundo trunfo na minha listinha:

B) O Desenho
Precisa dizer mais? Basta ver.
Mesmo hoje, onde num fundo de quintal dispomos de softwares de primeira linha (piratas ou não), raramente vemos algo parecido.  Os traços elegantes, os planos abertos, closes,  cortes rápidos de cena e ângulos inusitados, até então em cartoons. Os efeitos de luz e transparência vindos da publicidade davam um corpo e uma consistência ao desenho que acompanhava belamente seu roteiro. Os movimentos de fumaça e explosão, dinâmicas sempre difíceis de se reproduzir em 2D, tornaram-se referência. As cores e movimentos já citados, o design arrojadíssimo para a época (que influenciou até eletrodomésticos e que bebia da fonte inaugurada por Starwars sem resvalar para o plágio), a ousadia em forçar a mão para tornar o feio, horrível. Não é à toa que Mumm-ra está para o cartoon assim como Darth Vader está para o cinema (sua transformação fazia o Esqueleto de He-man parecer um smurf).
O traço, ocidental e inovador (apesar do staff misto), jamais foi superado. Podemos encontrar ótimos trabalhos no Japão ou no 3D, mas nessa categoria... ainda aguardamos. Se você acha que exagero, pense apenas o seguinte: os caras inventaram o primeiro "tribal": o próprio logo dos TC, até hoje difícil de desenhar sem referência (ou cópia); unanimidade nas traseiras dos Chevettes e Pajeros dos trintões.
Muitos devem-se lembrar de que, infelizmente, a qualidade não se manteve. Isso merecerá um tópico em breve.


C) A Trilha Sonora
O que havia de revolucionário na equipe de Rankin-Bass era o foco numa qualidade que foi importada de outras mídias. Recursos da publicidade (a vocação original da produtora) e dos longas-metragens migraram para o cartoon em definitivo com Thundercats. Um desses fatores foi a edição de som. Os caras tiveram a moral de chamar produtores de jingles e compositores de verdade, feras como Bernard Hoffer (ganhador de um Emmy e vários Clios). Imagine: uma banda foi montada para encorpar o desenho. Músicas incidentais com instrumentos reais, vocais femininos... o tipo de preocupação que só existia no espaço publicitário e raras vezes no mundo da animação. Tão raras, aliás, que podemos enumerá-las: Walt Disney trazendo composições clássicas eruditas e sincronizadas nos anos 50 (seguido pela L. Toones, da Warner) e o cult Heavy Metal, dos anos 70. Em desenho para a TV, com produção em série, Thundercats se destaca com músicas próprias que bem podem ser ouvidas no mp3 enquanto dirigimos. Panthro, por exemplo, tinha uma trilha que acompanhava seu visual Bronx perfeitamente. A da vinheta de entrada está entre as preferidas nos celulares da galera, com seu rockinho bem casado, e mesmo em samples eletrônicos, para além das festinhas retrô.
Não é preciso ser músico para entender: a qualidade de áudio - que se estendia também aos efeitos sonoros - só é subestimada enquanto você não abaixa o volume para sentir a diferença. No Youtube é possível encontrar músicos e fãs que literalmente reconstruíram as músicas, diante da impossibilidade de recuperar o material perdido com o tempo.
Ou seja: se você ouve hoje a sua cantora pop preferida cantando no seu desenho 3D da temporada, a raíz está aqui.
Bom... música é um assunto que rende. Mas, mais que palavras... que tal ouvi-las?

D) A Dublagem
Nós no Brasil temos uma vantagem gigantesca em relação aos demais fãs. É chover no molhado dizer que temos alguns dos melhores dubladores do mundo, mesmo nos estúdios de segunda linha. Não raro superamos os originais na opinião dos próprios, inclusive. Essa arte tão subestimada felizmente encontra reconhecimento em nichos específicos, como o público de animês e mangás, que convida esses atores da voz apenas para ouvi-los. Não é necessariamente verdade que sejam os únicos admiradores, apesar de claramente serem os mais explícitos. É um passatempo adorável ver quem faz a voz do seu ator gringo preferido e do seu desenho de infância, a ponto de já ser um clichê das emissoras aparecer com isso em programas de curiosidades.
Falamos aqui do mérito de caras como Newton da Matta, dublador do Lion e responsável pela realeza em sua voz; ou o grande Silvio Navas, cuja capacidade artística em criar uma voz que ia do decrépito ao gutural para Mumm-ra jamais foi alcançada nem mesmo pelo original (que era muito bom). A voz do Snarf brasileiro de Elcio Romar, por exemplo, serviu de referência para os estúdios da América Latina, que esforçaram-se para copiar o tom.
Resumindo: temos no Brasil um timão de feras, que já não recebiam o devido respeito, e que agora ainda têm de dividir espaço com atores de Malhação e correlatos nas dublagens de primeira linha. Feras como Orlando Drummond (o Seu Piru, Scooby e Popeye), Isaac Bardavid (Esqueleto, Wolverine), Garcia Júnior (He-man) e Valdir Santana (Homer Simpson).
Em Thundercats, sua grandeza é ainda mais evidente.

Lion-O: Newton da Matta (de Bruce Willis)
Mumm-ra: Silvio Navas
Snarf: Elcio Romar (de Woody Allen)
Jaga: Garcia Neto
Tygra: Francisco Barbosa, posteriormente substituído por Ricardo Juarez
Cheetara: Carmen Sheila 
Willykat: Niso Neto (o Seu Ptolomeu da Escolinha do Prof. Raimundo, de Ferris Bueller em "Curtindo a Vida Adoidado")
Willykit: Marisa Leal (uma das vozes mais sensuais do mercado, a 'mãe' do bordão "Não é a Mamãe" da Família Dinossauro)
Escamoso: Luiz Chapeu
Simiano: Paulo Flores
Chacal: Olney Cazarré (o Corinthiano da Escolinha e... o Pica-pau!)
Abutre: Luis Feier Mota




Na próxima postagem, meu preferido: A História.
Não percam-cam-cam!

Fontes:
Youtube.com
Wikipedia.com

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