A ferrugem é tanta que nem sei por onde começar.
São sete horas da matina e são esses os minutos que sobraram pra blogar (não, ainda não fui dormir).
Minha primeira semana ausente do blog foi estranha. Não sei dizer se senti falta ou não nesses dias atribulados (mais abaixo, um resumo pros preguiçosos hehehehe). Com ela descobri mais uma evidência do Blogueiro que publicarei em breve para vossa apreciação:
"Se um blog pára por uns dias, a maior parte do povo não volta pra conferir".
Mas eu é que não vou entupir vossos e-mails e scrapbooks com avisos de atualização (presumo que isso seja tão odioso pra vocês quanto é pra mim).
O fato é que ando instrospectivo, perdido em meio à correria da vida (que ultimamente jaz subentendida no discurso de todos, portanto evitemos mais delongas). Todo mundo tá f*, todo mundo tá com pepinos pra resolver, todo mundo correndo, então pra que dizer?
Eu nunca soube lidar com burocracias, muito menos com relógios. Meus horários funcionam baseados em sentimentos e isso é uma ziquizira miseráver na vida prática de um típico cidadão do século XXI. Dois dias num churrasco com amigos passam como água em torneira nova, já quinze minutos na sala de espera de um consultório a mim parecem 2 horas.
E por falar em consultórios, eis uma atribulação que, se não justifica, em parte explica: meu velho terá de operar mesmo. Não teve jeito, coronárias entupidas bem na bifurcação da artéria (ali não cabe o stent da angioplastia). Inicialmente preocupados, hoje já nos esforçamos pra aceitar a idéia e até mesmo sonhar com lados positivos (meu pessimismo contumaz anda frouxo). Temos aí pelo um mês de preparações diversas pela frente.
Esse tipo de coisa, somada a outros eventos mais mundanos, toma-me uma baita energia emocional. Fazer-se de forte e buscar argumentos wikipédicos pra acalmar um bebezão de sessenta anos não é fácil ( principalmente quando você mesmo tá mais perdido que bilau de japa em cona de égua). Porra, alguém diga qual é o modo mais sutil de dizer "vão abrir seu peito como uma caixa de ferramentas". Então. Ao menos uma boa notícia: 24 dias sem beber, uma surpresa inimaginável. Meno male, ecco? Já a luta contra o cigarro, eu bem sei, tá difícil.
Uél, voltando à essência do blog que é falar de si como se fosse importante pro mundo, o cansaço bateu forte. Essa queda na energia atrai a introspecção que, a despeito da minha aparente extroversão, é bem freqüente e me coloca entre extremos - num momento brinco à beira da euforia, no outro o silêncio impera e quase ouço meu próprio coração (que, espero, continue desentupidíssimo).
Há outros entupimentos cardíacos, os quais nenhum cateter resolve. As emoções difusas, inerentes à falta de tempo para reflexão e diálogos mentais, aumentaram nesse período. Tentativas frustradas de dormir mais cedo pra botar a vida em dia, viagens que não acontecem, baladas furadas, autoboicotes, planos que não emplacam e uma certa melancolia pelo destino incerto tornam-se mais importantes do que realmente são quando o terreno é propício.
Vivendo à base de "preciso fazer", negligencio ao dentista, ao gastro, à renovação do seguro do carro, à troca de óleo e de provedor da internet, ao presente da namorada, aos parabéns de aniversário, à correção do banco de horas, ao cliente confuso e chatíssimo e mais um monte de coisas acumuladas que eu deveria lembrar quais são (ou já ter resolvido). Pendências, compromissos e eternas horas marcadas pra tudo, que não exatamente escolhi, mas são minhas. E nenhum rodapé de agenda pra espontaneidade: não dá tempo de fazer quando e porque deu vontade. É "preciso fazer".
A agenda pisca alertas na tela, mas os olhos não vêem.
Fechados, sonham com férias.
Longas férias.
P.S.: Mas não do blog. Portanto, sosseguem!
Charge do dia
Há 4 anos
5 comentários:
Que bom que voltastes a postar. Sei como te é importante comunicar-se.
De introspecção entendo bem, ando num período desses... Um longo período. A gente tem mais é que se dar esse direito sempre que aparecer essa necessidade... Todo o resto do mundo pode esperar...
Conta comigo sempre.
Não se preocupe, como vc mesmo disse, as observações parecem comuns a todos. Eu por mim me enfiava na cama e só saia de lá mês que vem. Se...
Mas força com o teu pai, e que tudo transcorra na maior tranqüilidade. ;)
Cara, você não é o único.
Essa aparente insatisfação com tudo é um estado do espírito humano. Temos que tentar (e isso não é fácil) aproveitar o nosso dia com o que realmente interessa. Lembre-se de Lazarus Long: o pôr do sol, nossas meninas bonitas (só elas pra não ter pau-de-macarrão) e os gatinhos...
Amigão, vai dar tudo certo com o seu velho. E vamos os 4 comemorar isso, daqui um mês, em terras capixabas. De preferencia diante de um belo marzão azul :)
Jana
Obrigado... :)
Postar um comentário