sexta-feira, 27 de junho de 2008

• Outra pequena Elegia

E por falar em estupidez, uma pequena homenagem a um cara legal. Não costumo ter Papas mas algumas pessoas realmente me fazem pensar - e isso é algo que sempre retribuo com gratidão, mesmo quando dói.

George Carlin, comediante (logo, filósofo) americano, faleceu nesse dia 22. Um dos Cabeções do Stand-up Comedy, foi o primeiro host do Saturday Night Live. Esse taurino insano dedicou 40 anos aos palcos, os quais dividiu com bambas como Richard Pryor e cia. Dono de um humor ácido, cínico e negro, atacou como podia o tal American Way of Life, que em muitos aspectos (importados ou não) é nosso também. De Jim Carrey a South Park, de Simpsons a Morgan Spurlock, não há ninguém na nova geração do humor americano que não tenha alguma influência, direta ou indireta, dessa figura.

"A Religião chegou a convencer as pessoas de que existe um homem-invisível morando no céu, que vê tudo que você faz, todo dia, a todo instante. Se você pecar, Ele tem um lugar especial cheio de fogo, fumaça, ardor, tortura e angústia, para onde ele te envia para sofrer e queimar e sufocar e gritar e chorar para todo o sempre até o fim dos tempos...

...mas Ele te ama!"


Carlin não poupava nem família, nem Presidentes, nem Deus: não havia hierarquia ou limites claros para suas palavras. Um dos seus vários méritos (se assim preferirem) foi o de provocar uma tremenda discussão sobre o que se pode dizer ou não em público, o que terminou por gerar um desconforto tão grande que o Governo prontamente criou uma lei de "pudor" (traduzindo, assumiu declaradamente a vocação de limitador das liberdades individuais). De fato, Carlin agredia unicamente a hipocrisia coletiva; todo o resto foi não mais que vestir-se a carapuça.
Tanto desgaste faz mal. Alcoólatra e viciado em analgésicos, Carlin ao longo dos anos trocou as gags humorísticas pela crítica cada vez mais ferina, que nos últimos tempos já tomavam mais da metade de seus 'shows' (não sei se podemos chamar ou não de show, mas o fato é que as pessoas pagavam para ouvi-lo e, cá pra nós, é sempre um show presenciar alguém Pensando, mesmo que você não concorde).
Controvertido, polêmico, selvagem... há uma infinidade de nomes que não chegam lá.

Carlin está na minha modesta lista de grandes comediantes, junto do Monty Phyton, do Chaplin e do Marx (o Grouxo, ófi córsi).

Segue um link pra quem estiver interessado...
(Procure pela net, há muita coisa interessante)...


Puns vaginais

Religião é balela

"Save the Planet"

Experiências comuns

Sem legendas:

We like War!

Eufemismos

Bugingangas (antigão)

"Have a nice day"

Cães & Gatos

3 comentários:

웃 Mony 웃 disse...

O cara era bom mesmo!
Pena que pra nós o show dele teve de parar, tomara venham outros pra continuar...
O humor tem essa característica mágica de dar o poder de expressar as maiores barbáries como se fossem brincadeiras. Pra quem não é tapado, funciona pra refletir. E ele sempre ganha espaço quando o totalitarismo mostra sua face. Não, não é só uma habilidade, é uma necessidade humana.
Viva o humor, de todas as cores, em todos os tons e nuances, do pastelão ao cinismo e sarcasmo.
Viva a liberdade, toda a que for possível e mais a que for abocanhada à força!

Experiência comum é a melhor!
O texto inicial um tremendo tapa na cara da "elite".

Eu disse...

Que pena... o cara era muito bom!

Mas parece que o dom da comédia vem sempre atrelado a um forte estado depressivo... fico pensando se realmente compensa.

Karin

Anônimo disse...

nem sempre viu Karin. nos fala bobajem por que gosta mano. he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he he