sexta-feira, 10 de outubro de 2008

• Onegai, Nihon! - nº 1

Japão. Ainda não sei porque esse pequeno arquipélago tão distante da minha rotina foi tão simbólico e presente na minha história. Já passei pela fase de pensar tratar-se de influência televisiva, do Ultraman, dos ninjas, samurais e demais clichês saltitantes. Já deixei de lado a crença de meu apego numa tal admiração idealizada por seus valores. Já esbarrei até mesmo na idéia de que um país tão exótico como este não poderia faltar na listinha dourada do meu espírito xenófilo.
O fato é que não sei. O que me atrai no Japão, o que atiça minha curiosidade?
Que desejo é esse de participar dessa inocência, dessa neurose e dessa beleza obscura?

Tenho algumas pistas, todas frágeis. Cresci com descendentes, estudei com eles naquela fase tão emblemática dos 7 anos em diante. Consumi (e consumo) sua cultura pop tipo-export, em fases que iam e vinham. Namorei mestiças (odeio esse termo). Identifiquei-me com alguns valores e sentimentos que, erroneamente (típico de toda generalização), acreditei que fossem de seu povo como um todo. Alternei rejeições e esquecimentos com aquela velha e teimosa "fase nipo" citada acima. Hoje, com 31 anos, sinto a danada de volta, a me dizer coisas numa língua estranha, mágica e incognoscível.

Como eu disse, pistas frágeis.

Qual será a mágica no Japão? Esbarrei com outros que sentem ou já sentiram esse apelo, assim descobri que não sou o único e que, como eu, também não sabem explicar.
Passei às pesquisas para enxergar um pouquinho além dos clichês e encontrei muita coisa. Nas próximas postagens pretendo falar um pouquinho mais dessas impressões.

***

Confesso: há uma grande contradição aí. Primeiro porque estes valores não me pertencem, segundo que não raro ferem minhas crenças. É o famoso choque cultural, que mesmo vivido à distância, provoca em mim uma tremenda repulsa pelo Japão. Vai entender...

***

Cultura é algo mágico em si. É a parte que eu adoro na Globalização. Sonho com orishás, samurais e swamis que não me pertencem, como se meus. É o extremo do cosmopolitismo: a alma expatriada que olha pra si e vê-se em retalhos, costurados pelo apelo mágico de ser um humano tão igual e tão diferente.

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4 comentários:

Duquesa Diaba disse...

(não que seja verdade, poder ser somente uma fantasia romântica de uma mera observadora curiosa)

Eu também tenbho uma forte inclinação à cultura japonesa (apesar de geneticamente eu ter resíduos chineses(!) - notórios anipatizantes dos nipônicos.

Tudo parece ser tão limpinho, as pessoas são tão respeitosas com seus amigos, familiares e estranhos! São longevos, têm muito tempo de existência nesse planeta! E a fama de serem super inteligentes e trabalhadores!
É um sonho que não deve ser verificado para não estragar minha admiração platônica.

Conheço japoneses que me mostraram o outro lado de tanta beleza. São extremamente intolerantes com os japoneses emigrantes (desertores em seus pensamentos), com pessoas de castas inferiores, incrivelmente racistas (raramente se misturam), tradicionalistas (mal aceitam comidas ocidentais) e não-apreciadores de crianças.
Os japoneses nativos que conheço não voltam para o Japão nem por decreto.

Mas... como eu não vivi essas desventuras, continuarei a achar linda uma casa só com tatame, comer sashimi com hashi, ver Naruto Shipuuden, ver o menor telefone do mundo, amar fotos de cerejeiras no inverno, usar quimono de manhã e rir do karaokê nas festas do Clube Nipo-Brasileiro.

웃 Mony 웃 disse...

Comentário off-topic, ainda faltam 17 dias para os seus 31 anos, que mania de querer ser mais velho é essa?!

Mestiça não é mesmo uma palavra agradável. Melhor seria, descendente, por exemplo. É a que uso normalmente. ;)

Apóio tua onda e até vou junto (aliás baixei um monte de mangás e animês novos...), desde que não se interesse por nenhuma descendente. :P
Tóin!


Engraçado como até no período em que não nos conhecíamos tínhamos já uma vivência semelhante, preferências e etc...
Curioso isso. Aos quatro anos mais ou menos, eu pasmava todo domingo de manhã assistindo "Japan Pop Show", um programa todo em japonês, sem legendas onde a maioria das apresentações eram cantores e cantoras, pelo que percebia, amadores. Adorava, ficava encantada com a sonoridade... Não deixava mudar de canal até acabar. Meu pai se acabava de rir do meu fascínio, mais ainda quando eu falava que ia casar com um japonês.
De onde será que tirei isso? Parei antes de tentar, namorar alguns foi a amostra grátis que eu precisava pra ver que não tinha nada a ver com o meu temperamento...
Tem coisas muito bonitas na cultura sim. A arte deles é muito interessante, o kabuki, os ikebanas, a cerimônia do chá, algumas tradições... Gosto dos animês e mangás.
Mas há uma certa rigidez, uma maneira sistemática que dificulta a convivência. Ainda mais sendo mulher... Mas, não vou me estender, vai que isso é assunto pros próximos posts...
O que sei é que é sim um povo fascinate para bem e para mal. Também não sei explicar direito o pq, e também tenho minhas contradições a respeito.
Uma coisa percebo, não só entre os nipônicos, mas em geral, não dá para generalizar, o ser humano é complexo demais para isso e mesmo onde há valores comuns que aproximam um povo, que os unificam, há aqueles que estão fora do contexto, total, ou parcialmente, de maneira "positiva" ou "negativa". Enfim, existe toda uma teoria da relatividade em relação ao ser humano, isso não se restringe só à física, resumindo, tudo depende. ;)
Beijo.

Anônimo disse...

Também me agrada essa parte da cultura oriental, mas como a Louise bem lembrou, percebo claramente que no meu caso se trata mais do ideal japonês do que do atual estado da raça/cultura. E a comida! Ah sim, adoro comida japonesa! rs

Meu negócio mesmo é uma cultura que não existe mais... a do Antigo Egito. Talvez seja meio brega curtir tanto uma coisa que todo mundo diz que gosta (e poucos conhecem algo além da máscara funerária de Tutancâmon ou do cartão postal das pirâmides de Gizé), mas eu não me importo muito. Também sei que é um gosto idealizado, por mais que eu curta estudar e saber sobre como era a vida cotidiana fora dos palácios reais. Motivos? Deus sabe... Vidas passadas, influência paterna, identificação estética... nem pretendo destrinchar as origens desse gosto. Pretendo sim é continuar estudando e ir um dia lá conhecer os locais pessoalmente, talvez pra saber se sinto algo mais...

De Marchi ॐ disse...

Descobri mais uma coisa que tenho em comum com os japoneses:
Eu também mal posso comprar um apartamentinho minúsculo.