Ou minhas nossas dores suas.
Sincronicidade é mesmo algo curioso, a gente caça a razão por trás das coincidências, não descobre nada mas ao menos percebe que andam a falar, dizer ou pensar o mesmo que nós.
Nada demais. Fases compartilhadas por uma raça comum, contemporânea. Mas há um insight aí.
No momento não vou entrar no mérito do que há de impessoal na nossa preocupação com as dores alheias. Esse é um cabelo que meu ovo já perdeu (ou talvez penteou pra trás, com gel).
O problema é que, por mais que conversemos, isso tudo independe de conversas (mesmo quando são agradáveis).
O tal estado de espírito faz coisas como dizer num momento que não sabe o que é que falta e, no outro, dizer que com o tempo isso passa, que são ambições e amores, desejos e ansiedades.
Tá. E?
Se soubéssemos, não seria divagação.
Às vezes a tal fome é meramente desejo de exercer o potencial não vivido, seja em qual área for. Aquele que você 'sabe' que tem mas não encontra via de expressão. É a tal liberdade com L minúsculo, tão limitada quanto inacessível, que quase todo mundo quer. Tudo bem; o que vi da Liberdade total eu também não quero nem um pouco, no momento.
A gente nunca dialoga com o outro logo de cara. Vamos e voltamos, ouvimos, vamos e voltamos, dizemos pra nós mesmos, vamos e voltamos e achamos que dissemos. E nada se conclui, porque de fato dispensa palavras. É quando pinta o abraço e a epifania do silêncio cúmplice. Nada disso entrosa bem com a dica que recebi precocemente daquela propaganda de cigarros (Seja cínico! Venha se foder no mundo de Marlboro!), mas enfim... parece que relaciona-se bem com aquele EU melhor que eu.
Dores, dos tipos que não têm adjetivo, substantivo e substância.
Nesses tempos onde a única certeza de sustânça vem do comercial de Ovomaltine, ficamos com a sabedoria gratuita dos pneus Pirelli:
"Potência não é nada sem controle" (e como queremos controle!).
Uatéver, idéias pinçadas de contexto parecem úteis porque combinam com a ausência.
Aguardemos o desenrolar dos fatos.
P.S.: num mundo que exige o supra do infra, o incrível não é encontrar no ser humano as falibilidades do humano, e sim descobrir a compaixão ("sofrer com" - bem longe da caridade cristã piedosa) apesar de nós mesmos. Fica pra outro dia.
Charge do dia
Há 4 anos
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Conclusão: as pessoas odeiam dores alheias.
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