segunda-feira, 17 de março de 2008

• Àquelas que jamais 'me ouvirão'

"O que é ruim de viver é bom de contar e vice-versa"
Ariano Suassuna

O poeta tem sempre dois pesos e duas medidas pra poder trabalhar: ou deliberadamente apreende todo e qualquer evento do 'acaso' e seleciona qual a magia que, entre todas, vale seu espasmo, ou escolhe ignorá-los em nome de vírgulas drops-de-fôlego e pontos-finais arbitrários.
As palavras soltas, como o rigor formal, estão sujeitas aos desmandos da alma que pensa-se livre (embora não controle o que a move). Algumas vezes estraga-se a poesia; noutras, estraga-se a fonte.
Se o poeta fluir seu espasmo por toda a magia (dizem, exatamente o que deveria fazer), deixará de poetar para viver, o que é sempre mais arriscado. Seu sofrimento simulado, ou fingidor como diria um dos bons, só é válido enquanto em si, jamais como substituto daquela via que o alimenta.

Whatever...
Alguns chamam de licença poética.
Eu chamo de medo.

E não importa.

2 comentários:

Vinícius Castelli disse...

Interessante.

De Marchi ॐ disse...

talvez... o problema é que elas jamais "me lerão" também hehehehe