quarta-feira, 19 de março de 2008

• Roa-se no túmbalo, Chopenrráuer

Lets rain ou the wet, como diriam os bosquímanos de Nova Iorque. Hoje vou discursar sobre o discurso. E tome aí um longo e redundante achismo pessoal, parcial e bestíssimo para brindar o seu dia, caro leitor.

Discursos são jogos, epítomes do orgulho ocidental de controle sobre a lógica dissertativa (ó pustaquelosparóla, falei bonito). Disputas dialéticas, contendas retóricas travestidas de diálogo.
Nada mais mentiroso do que a comprovação de tese instantânea pretendida por todo discurso. A ansiedade de quem tenta está certíssima - é pra ficar inseguro mesmo com uma presunção dessas. Formular uma grande equação, tão genérica quanto definitiva, sem tem em mãos todos os dados e variantes é algo típico de mentes que acochambram e arredondam as informações pra facilitar o manejo*. Até porque seria impossível. Então... pra quê?

Que bruta tédio, hein?
O problema da limitação é apenas o pirulito desse incomensurável dipilíque. O que trinca mesmo o osso do saco é a motivação oculta. Menos é mais não só na prolixia dos textos, mas também das idéias.
O cansaço traz aquela clareza sutil do que é esse joguinho e do porque é patético: discursos, sejam políticos, acadêmicos ou botequêmicos, ignoram o fonte de onde brotam - são cobertor para o pé frio da emoção, ceroula velha a cobrir o bilau da fome de dar a última palavra, de vencer o "oponente", de calar a todos. Sua realização é a oposta do diálogo: vibra-se lá dentro (e com cuidado, para ninguém notar) com a falência da discussão. É ego, reafirmação durante todo o percurso de queda entre a individualidade e o individualismo.
Bem... até aí, contradições e xavecos falidos (pleonasmo) temos todos. Se discursos são assim, se um tem de ser melhor que o outro, como um Highlander ébrio do raciocínio e última palavra numa discussão sem fim, então em nada diferem da nossa meta social subjacente, ou como diria Silvio Santos, do sonho de poder dizer "wood in the ass de quem morre em enchente pois eu acabo de ganhar a casa própria". Enfim, são um reflexo perfeito do que somos e do que não conseguimos ser. Muitos volantes, um carro só e nenhum acordo.
Estou cansado de discursos (inclusive os meus). Se você entende um pouco as palavras, percebe que basicamente versa-se o nada sobre o nada. Eu preferia o jogo do quem mija mais longe, quem tem o pai mais alto. Menos sofisticado mas dá na mesma, sem tanta dor de cabeça.
Talvez justamente por excesso de discurso e falta de diálogo aberto não se chegue a lugar algum.

***
Porra, Denis, uadefóqui?
Quem disse que alguém quer chegar junto a algum lugar que não seja ao orgasmo múltiplo com as dicas da MarieClaire?

Ah bão. Descuipa.
P.S.: Alguém tem essa edição do orgasmo pra me emprestar?

* Compare com o que foi dito na história do quadrado, no outro post... ou não.

Um comentário:

De Marchi ॐ disse...

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Conclusão: as pessoas odeiam Chopenrráuer.